segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Romances de folhetim

Romances de folhetim   


Estas histórias de leitura rápida eram publicadas todos os dias nos jornais em    espaços determinados e destinados ao entretenimento, era o Folhetim, gênero importado da França, e que com o gradual desenvolvimento das cidades, em especial o Rio de Janeiro, ocasionou a criação de inúmeros jornais diários, encontrou amplo espaço de publicação na capital do Império, e no interior do país.
         A leitura das publicações de romances de folhetim e muitos outros costumes influenciaram de uma maneira marcante a formação da identidade nacional brasileira, que assimilava os modelos europeus e os adaptava ao nosso cotidiano, em um momento de construção do estilo de vida que estava sendo adotado pelo povo brasileiro.
        Nos primeiros momentos  do  romantismo , os termos folhetim e romance chegaram a se identificar, eram praticamente sinônimos. Ao longo do século 19, esses conceitos viriam a conhecer a separação, passando o romance a designar a narrativa de maior complexidade na forma e no conteúdo. Quanto ao folhetim, tornou-se o nome das narrativas cuja essência consiste no enredo passional, de muitas peripécias para entreter o leitor.

         No gênero folhetinesco cabem múltiplas opções de enredo, de assuntos frívolos aos mais sérios, de assuntos que são o tema de conversas particulares aos acontecimentos que interessavam a história, oferecendo aos seus autores infindáveis possibilidades de tramas, para ilustrar as publicações com a realidade do ser humano: traições, trocas de identidades, infidelidades, violência, o amor, o incesto, a loucura, o desejo, a miséria e as inquietações da alma humana.
       Levando-se em conta o grande poder de influência que o folhetim passa ter, é bom realçar a importância de seu caráter didático, pois a cada dia aumentava consideravelmente o número de leitores, em sua maioria mulheres, que não tinham acesso a outros tipos de literatura, e foram influenciadas e “formadas” pelas ideologias disseminadas nos enredos dos folhetins, e principalmente pela personalidade e atitudes dos heróis, heroínas, vilões e outros lançadores de modos e modas desta ficção narrativa em prosa publicada aos pedaços no jornal cotidiano.

fonte de pesquisa
Ana Lúcia Silva Resende de Andrade Reis (Mestranda em Letras – UFSJ) e Profª Drª Claudia Braga (Orientadora)




Manuel Antônio de Almeida

BIOGRAFIA

Manuel Antônio de Almeida, jornalista, cronista, romancista, crítico literário, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 17 de novembro de 1830, e faleceu em Macaé, RJ, em 28 de novembro de 1861. É o patrono da Cadeira n. 28, por escolha do fundador Inglês de Sousa.

Era filho do tenente Antônio de Almeida e de Josefina Maria de Almeida. Órfão de pai aos 11 anos, pouco se sabe dos seus estudos elementares e preparatórios; aprovado em 1848 nas matérias necessárias ao ingresso na Faculdade de Medicina, cursou o 1º ano em 49 e só concluiu o curso em 1855. As dificuldades financeiras o levaram ao jornalismo e às letras. De junho de 1852 a julho de 1853 publicou, anonimamente e aos poucos, os folhetins que compõem as Memórias de um sargento de milícias, reunidas em livro em 1854 (1º volume) e 1855 (2º volume) com o pseudônimo de "Um Brasileiro". O seu nome apareceu apenas na 3a edição, já póstuma, em 1863. Da mesma época data ainda a peça Dois amores e a composição de versos esparsos.

Em 1858 foi nomeado Administrador da Tipografia Nacional, quando encontrou Machado de Assis, que lá trabalhava como aprendiz de tipógrafo. Em 59, foi nomeado 2º oficial da Secretaria da Fazenda e, em 1861, desejou candidatar-se à Assembleia Provincial do Rio de Janeiro. Dirigia-se a Campos, para iniciar as consultas  eleitorais, quando morreu no naufrágio do navio Hermes, próximo a Macaé.


Além do romance, publicou a tese de doutoramento em Medicina e um libreto de ópera. A sua produção jornalística-crônicas, críticas literárias - permanece dispersa. O seu livro teve grande êxito de público, embora a crítica só mais tarde viesse a compreendê-lo devidamente, reservando-lhe um lugar de relevo na literatura, como o primeiro romance urbano brasileiro. Escrito em 1852, em plena voga do Romantismo, retrata a vida do Rio de Janeiro no início do século XIX, época da presença da corte portuguesa no Brasil, entre 1808 e 1821. É um romance de cunho realista, sem os artifícios com que a técnica romântica fantasiava, deformava, embelezava ou idealizava a realidade. A crítica mais recente aponta como influência mais positiva em sua elaboração e no seu personagem protagonista o romance picaresco e romance de costumes  espanhol.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ANÁLISE - MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS


Análise literária da prosa romântica brasileira - MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

 A - Roteiro mínimo de leitura

1- Biografia
    Situar o autor no tempo, dar um rápído painel de suas mais importantes produções.

2- Resumo do enredo
    Sintetizar os principais acontecimentos da obra.

3- Personagens
    Verificar se as personagens sofrem mudanças e são aprofundadas psicologicamente ( personagens esféricas), ou se são imutáveis e seu tratamento é superficial e exterior (personagens planas ); ou ainda se delas se destacam apenas traços gerais e comuns ao grupo a que pertencem, como a fofoqueira, o padre, a beata, a comadre, etc(tipo)

4- Tempo
   Observar a presença dos tempos cronológico ( do relógio ) ou psicológico ( tempo interior, da construção) e a importância deles para a construção da sequência narrativa e das personagens.

5- Espaço
    Observar o espaço físico ou geográfico ( meio ambiente ) quanto o espaço social em que atuam (meio social) e até que ponto o espaço influencia ou condiciona a ação das personagens.

B - QUESTÕES

1- Sob que  ponto de vista é feita a narração: em 1ª ou 3ª pessoa? Por que, então, é usado o termo memórias no nome da obra?
     Apesar do título de “memórias”, o romance não é narrado pelo personagem Leonardo, e sim por um narrador onisciente em terceira pessoa, que tece comentários e digressões no desenrolar dos acontecimentos. O termo “memórias” refere-se à evocação de um tempo passado, reconstruído por meio das histórias por que passa o personagem Leonardo.

2- O romance foi publicado semanalmente na imprensa carioca entre 1852 e 1853. Pesquise:    O que caracteriza formalmente o folhetim? Pode-se dizer que Memórias de um sargento   de milícias é um romance folhetinesco? Por quê?
Estas histórias de leitura rápida eram publicadas todos os dias nos jornais em    espaços determinados e destinados ao entretenimento, era o Folhetim, gênero importado da França, e que com o gradual desenvolvimento das cidades, em especial o Rio de Janeiro, ocasionou a criação de inúmeros jornais diários, encontrou amplo espaço de publicação na capital do Império, e no interior do país.
         A leitura das publicações de romances de folhetim e muitos outros costumes influenciaram de uma maneira marcante a formação da identidade nacional brasileira, que assimilava os modelos europeus e os adaptava ao nosso cotidiano, em um momento de construção do estilo de vida que estava sendo adotado pelo povo brasileiro.
        Nos primeiros momentos  do  romantismo , os termos folhetim e romance chegaram a se identificar, eram praticamente sinônimos. Ao longo do século 19, esses conceitos viriam a conhecer a separação, passando o romance a designar a narrativa de maior complexidade na forma e no conteúdo. Quanto ao folhetim, tornou-se o nome das narrativas cuja essência consiste no enredo passional, de muitas peripécias para entreter o leitor.

         Portanto, a obra citada pertence ao gênero folhetinesco. Aborda  tramas para ilustrar as publicações com a realidade do ser humano: traições, trocas de identidades, infidelidades, violência, o amor,  o desejo, a miséria e as inquietações da alma humana.
3- É comum o romance urbano romântico deter-se na análise de problemas morais e psicológicos,motivo pelo qual acaba sendo, normalmente, um romance de feição introspectiva, psicológica. Pode-se dizer que tal foto ocorre em Memórias... ? O que, basicamente, alimenta a narrativa?
Memórias de um sargento de milícias, a história do filho 'da pisadela e de um beliscão', é narrado em 48 capítulos por um narrador onisciente que orienta a leitura ao longo de toda a obra apontando e comentado as intrigas, os sucessos e os fracassos dos personagens. Se a estrutura narrativa é frágil e pouco organizada, dados os constantes saltos no tempo e no espaço, os comentários do narrador, ora humorísticos, ora irônicos, lhe dão inegável unidade, em que pesem alguns lapsos, como é o caso do personagem Chiquinha, apresentada às vezes como sobrinha e às vezes como filha da comadre.

4- Caracterização do tipo de linguagem empregada:  é culta, jornalística ou coloquial? É a linguagem da época em que a história foi narrada ou da época em que se passa a história?
Jornalística.A linguagem é popularesca, coloquial, mais de acordo com pessoas de nível cultural inferior, pertencente a camadas sociais simples. A linguagem do livro é a mesma utilizada nas ruas do Rio de Janeiro na época em que a obra foi escrita

5- Pesquise:  O que é herói picaresco? Leonardo Filho pode ser considerado um herói picaresco ou apenas um herói malandro? Por quê?
O gênero picaresco – do qual o mais ilustre representante é o romance Lazareto de Tormes – caracteriza-se por narrar, em primeira pessoa, os infortúnios de um pícaro, um garoto inocente e puro que se torna amargo à medida que entra em contato com a dureza das condições de sobrevivência. Por isso procura sempre agradar a seus superiores. O pícaro tem geralmente um destino negativo, acaba por aceitar a mediocridade e acomodar-se na lamentação desiludida, na miséria ou num casamento que não lhe dá prazer algum.

Nenhuma dessas características está presente em "Memórias de um Sargento de Milícias". Leonardo não é inocente. Ao contrário, parece já ter nascido com “maus bofes”, como afirma a vizinha agourenta. Também não é totalmente abandonado, tendo sempre alguém que toma seu partido e procura favorece-lo.
Ele ainda desafia seus superiores, como o mestre-de-cerimônias e o Vidigal. Por fim, Leonardo não encontra um destino negativo, pois se casa com o objeto de sua paixão (Luisinha, a sobrinha de dona Maria), acumulando cinco heranças e granjeando uma promoção com o major Vidigal.

Existem, de fato, algumas semelhanças entre Leonardo e os personagens picarescos. Uma é a atitudeExistem, de fato, algumas semelhanças entre Leonardo e os personagens picarescos. Uma é a atitude inconsequente do protagonista, que o leva, por exemplo, a esquecer-se rapidamente de Luisinha ao conhecer Vidinha. Depois, o amor antigo retorna, mas nada dá a entender que não possa acabar novamente. Essas semelhanças, porém, são superficiais, por isso é problemática a classificação de "Memórias de um Sargento de Milícias" como romance picaresco. 



6- A obra apresenta certo tipo de humor. Caracterize esse tipo de humor.

Presença do humorismo, do ridículo e do burlesco: o tom geral da obra segue a tendência da gozação, marcado que está pela construção de personagens que tendem para o caricatural, para o mais absoluto ridículo. A essa tendência chamamos carnavalização

aqui vocês podem baixar  a obra no Formato pdf 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1969